Matéria não redigida pela Redação do Gospel+, a mesma foi retirada do site da conceituada revista Carta Capital. Você pode conferi-la abaixo:
A Igreja Universal do Reino de Deus está dividida. No momento, atravessa uma crise de comando. Há cerca de três meses, seu chefe máximo, Edir Macedo, nomeou o bispo Romualdo Panceiro, o então líder no Brasil, como o seu sucessor mundial.
Panceiro mudou-se para a Califórnia, onde vive Macedo, de onde passaria a comandar a igreja, mas mantendo-se próximo ao fundador da instituição. Surpreendentemente, o novo comandante retornou ao Brasil. Com uma procuração nas mãos passada por Macedo, Panceiro obteve o controle de vários dos mais importantes e valiosos bens da igreja, tornou-se o homem forte e deixou de ouvir o antigo guru, revelam fontes próximas à cúpula da Universal.
O bispo Macedo sentiu-se traído pelo ex-líder no Brasil. No entanto, não teria agora como reverter o poder outorgado a Panceiro. Uma importante funcionária da área administrativa da igreja confirmou que o novo dirigente está fortalecido e “com amplos poderes”. Procurada para falar sobre a crise, a direção da igreja disse que a informação “não procede” e “é infundada”. “A Universal do Reino de Deus tem em seu corpo a liderança do bispo Edir Macedo”, informou em nota.
Criada em 1977 no Rio de Janeiro, na sede de uma antiga funerária, a Igreja Universal cresceu e passou a controlar a Rede Record de Televisão, além de emissoras de rádio, gráficas, jornais, gravadora e instituições financeiras.
Macedo decidiu nomear Panceiro como sucessor depois de ser submetido a uma cirurgia no pâncreas, nos Estados Unidos, há cerca de nove meses. Seu estado de saúde não é bom, garantem religiosos próximos. Ele também sofre de diabetes. Fotografias recentes ao lado de familiares mostradas em seu site pessoal na internet exibem sua fragilidade física. O bispo está muito magro, em comparação com fotografias de um ou dois anos atrás. Depois do “entrevero” com Panceiro, Macedo passou a ter bem mais próximo de si o ex-líder da Igreja Universal no México, Paulo Roberto Guimarães.
O bispo Panceiro comandava a igreja no Brasil há doze anos. Já há algum tempo era o nome preferido de Macedo para a sucessão. Antes imaginava-se que o eleito seria o seu sobrinho, o bispo Marcelo Crivella (PRB-RJ), senador e candidato derrotado a prefeito no Rio de Janeiro.
Na biografia autorizada, O Bispo – A história revelada de Edir Macedo, de Douglas Tavolaro e Christina Lemos (Editora Larousse), lançada em 2007, foi revelada essa preferência. “Se eu morrer hoje, o Romualdo assume tudo. E tenho certeza de que os demais bispos irão respeitá-lo como me respeitam hoje. A Igreja Universal não é um trabalho pessoal, mas uma obra espiritual”, disse Macedo, no livro.
Ao saber dessas palavras, Panceiro respondeu que não tinha condições de assumir o cargo. Na própria biografia de Macedo, afirma-se que ele é temido por outros pastores da igreja, apesar de demonstrar “gentileza e bom humor”, depois de horas de convívio.
Ex-cortador de cana, 49 anos, Panceiro é também um ex-viciado em drogas, como vários bispos e pastores da igreja. “Eu passava os finais de semana me drogando. Meu pai era louco. Eu não tinha o que comer. Não havia futuro para mim”, contou, no mesmo livro. “Ele é o maior milagre da Igreja Universal”, acrescentou Macedo na biografia, ao analisar sua reintegração e capacidade de comando.
Com a ajuda de outros bispos – como Guimarães –, Macedo pode retomar o poder. Mas há um problema político criado na sucessão, além do seu delicado estado de saúde.
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