As religiões católica e protestante são as mais duras opositoras à nova Constituição que o presidente Evo Morales quer fazer aprovar no referendo de hoje (05), já que amplia o texto a temas tão sensíveis como o aborto ou o casamento entre homossexuais.
A Conferência Episcopal Boliviana declarou seus temores sobre o futuro das liberdades de imprensa e informação que, segundo a Constituição, devem estar sujeitas aos princípios da “verdade e responsabilidade”.
Os temores religiosos – em um país onde cerca de 80% professa as religiões católica ou evangélica – se tornaram nos últimos dias o principal tema de debate, somando-se às críticas dos partidos de direita e empresários sobre os benefícios em excesso concedidos aos 36 povos indígenas, alguns deles em processo de extinção.
As Igrejas Evangélicas Unidas (IEU), que congregam meia dezena das mais influentes denominações protestantes, expressaram suas observações no mesmo tom dos prelados católicos.
“Nós examinamos os perigos da proposta. Cinco aspectos nos preocupam, especialmente, como os itens que falam sobre Deus, a família, os direitos sexuais e reprodutivos, a educação e a propriedade privada”, afirmou o presidente da IEU, José Luis de Losantos.
Os evangélicos consideram que a nova Constituição não coloca a família na base da sociedade boliviana, o que poderia permitir os casamentos entre homossexuais, além de trazer o risco de legalização do aborto. Na educação temem que, ao torná-la laica, não haverá respeito à religião nas escolas e universidades.
Quanto à propriedade privada, os evangélicos querem que seus templos e instalações não sejam declarados uma “função econômica e social” para que não fiquem sujeitos à expropriação.
O governo, por sua vez, considera esses temores infundados, porque a nova lei fundamental não permite abortos, nem os casamentos entre homossexuais e defende a liberdade de culto, que é uma exigência da sociedade boliviana.
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