“Grande omissão”, diz Joel Engel sobre ausência evangélica em apoio aos familiares da Kiss
Após um ano, grupo de 100 jovens evangélicos continua criando campanhas de oração e atendendo familiares e amigos das vítimas
Há um ano o país foi acordado com a dor de uma tragédia: o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, que matou 242 pessoas e deixou mais de 620 pessoas feridas. Nesta segunda-feira (27) a data do incêndio foi lembrada por familiares das vitimas com momentos de solidariedade e muita emoção na cidade.
Fundado no mesmo dia em que a tragédia abalou a cidade, o grupo Jovem Coração, braço evangelístico do Ministério Engel, presidido pelo pastor Joel Engel, tem promovido vigílias, orações, cultos, entrega de mantimentos aos estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e acompanhado os familiares das vítimas e os sobreviventes do incêndio oferecendo apoio espiritual.
Apesar de criticar a falta de iniciativa de outras denominações evangélicas em relação a tragédia, o pastor Joel Engel comemora os frutos do trabalho que tem sido bastante elogiado pelos moradores de Santa Maria.
Engel diz que durante a tragédia chegou a convocar a presença de pastores na cidade, mas que não teve mais de três pastores atendendo o pedido do líder evangélico em apoio as famílias e sobreviventes da Kiss.
“Senti vergonha quando vi outras religiões se mobilizando em apoio aos familiares das vítimas e sobreviventes da boate e alguns líderes evangélicos agindo como se nada tivesse acontecido”, conta o pastor Joel.
Em entrevista exclusiva ao Gospel Prime o pastor falou um pouco sobre os trabalhos na cidade após a tragédia que ceifou 242 vidas. Leia a seguir:
Qual a importância dos trabalhos da igreja em apoio às famílias das vítimas da tragédia na Kiss?
O evangelho também é socorrer ao pobre, o aflito, as viúvas, os necessitados, e este trabalho de caridade faz parte da missão da igreja. Creio que deve ser uma constante em toda a igreja de Jesus. O mais importante, é que quando abraçamos aquela pessoa que esta sofrendo não, precisamos pregar, transmitimos Jesus sem falar. Então é muito importante para a igreja de Jesus estar presente nesta hora, porque as outras religiões se fazem presente, então acho fundamental.
Por que outras denominações se recusam a participar deste tipo de ação?
Realmente o maior choque que eu levei em toda esta tragédia que ouve é que eu solicitei que outros pastores do Brasil viessem pra cá para socorrer as pessoas e eu não encontrei mais três pastores, por outro lado os espíritas, de Minas Gerais, mandaram mais de 250 médiuns para dar atendimento aqui na cidade. Eu chamo isso de: ‘grande omissão’. Jesus mandou: ‘ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda à criatura’. A compaixão de Cristo é se colocar no lugar dos que sofrem, sofrer e chorar com eles.
Qual a reação dos familiares quando recebe ajuda espiritual dos evangélicos?
Realmente, todos os familiares que visitamos, não consigo dizer quantos, pois trabalhamos direto, dia e noite, ficam apaixonadas pela igreja, a igreja ficou superlotada. Por consequência deste trabalho feito. Este ato de caridade e amor, de desinteressadamente chegar lá, era o que Jesus fazia, ele estava lá quando aquela mãe ao enterrar seu filho e ele não perguntou qual a religião dela. Independente da religião a reação das pessoas é de responder amor com amor.
Como o seu ministério se prepara para atender estas pessoas?
Nós ensinamos que nesta hora não tem muito que falar, mas é o agir. Nós fundamos o grupo Jovem Coração, que é a associação das palavras coragem, oração e ação. Ao transmitir uma palavra de coragem, nós ajudamos as pessoas, com oração, conseguimos consola-las e com a ação, com um gesto, um abraço, conseguimos transmitir aos familiares que estamos ali para ajuda-los. Naquele momento as pessoas estão na frente de seus entes queridos, de uma boate incendiada, o que é preciso fazer? Apenas abraça-los. Nada mais. Nossos jovens também levaram naqueles dias água, lanche e suco para as pessoas que estavam envolvidas de alguma forma. Através deste ato simples de amor e ajuda já é uma forma de evangelizar e para isso não é necessário nenhuma formação teológica.
Qual a reação dos jovens de seu ministério ao participarem de eventos como estes?
Os jovens geralmente pensam que não tem a capacidade de pegar o microfone e pregar na praça. Mas eles fizeram aquilo que podiam, abraçaram, apoiaram os familiares das vítimas. Muitos destes familiares passaram o dia todo ali, diante do corpo do seu ente querido, não saíram para comer, tomar agua, mas nossos jovens estavam ali, abraçando, oferecendo agua, ajuda, se colocando a disposição. A quantidade de pessoas aceitando a Jesus foi impressionante. Só na universidade, em um culto ecumênico, mais de 3000 mil pessoas aceitaram a Jesus em um apelo que fizemos.
Quantas famílias o Ministério Engel já atendeu desde que houve a tragédia na boate?
Nós atingimos nações através de entrevistas, palavras e oportunidades que tivemos durante o atendimento as famílias em Santa Maria. O que esta acontecendo em Santa Maria mostra a forma da ação divina, de permitir que uma tragédia se transforme em benção, pois as pessoas estão com os corações prontos para aceitar o evangelho.
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