Depois de quatro dias de reuniões, cerca de 240 dirigentes de uma ampla gama de igrejas, confissões e organizações intereclesiais provenientes de mais de 70 países concordaram em levar adiante o “processo do Fórum Cristão Mundial”, uma plataforma aberta ao encontro e diálogo, cujo objetivo é “fomentar o respeito mútuo, examinar e enfrentar os problemas comuns”.
Na última sessão do evento, reunido de 6 a 9 novembro em Limuru, próximo a Nairobi, no Quênia, os participantes manifestaram-se numa liturgia espontânea assim que o rascunho final da “Mensagem do Fórum Cristão Mundial aos irmãos e irmãs em Cristo de todo mundo” foi aprovado.
A mensagem assinala que o evento representou um “passo histórico”, tendo em vista que os participantes puderam celebrar uma “reunião mundial, como nunca tinham conseguido anteriormente”. Participaram do encontro de Limuru representantes das Igrejas Protestantes Históricas, da Igreja Católica, das Igrejas Ortodoxas, das Igrejas Pentecostais, do Movimento Evangélico e de outras igrejas cristãs, comunidades e organizações intereclesiais.
“Estamos muito satisfeitos com o desenvolvimento e os resultados desta reunião”, disse o moderador do Comitê Central do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), pastor Walter Altmann. “O que nasceu no seio do CMI há uma década como uma idéia que parecia frágil e quase impossível de atingir levou a marcar uma abertura no caminho ecumênico”. agregou.
Os participantes do Fórum disseram que se sentiam estimulados “a avançar além do terreno familiar e a se reunirem uns com outros sobre a base de um fundamento comum no qual pudesse florescer a confiança mútua” e no qual “pudessem ter poder para celebrar e empreender um diálogo e atuar juntos”.
Os participantes do encontro demonstraram arrependimento pelos “erros do passado” em suas relações e se sentiram estimulados a “desenvolver uma nova consciência e compreensão recíproca, e reconhecer que Deus está trabalhando generosamente entre nós”. Esse acordo foi estabelecido junto ao reconhecimento de que ainda há “pontos de vista diferentes sobre questões substantivas como a eclesiologia [o entendimento da igreja], o âmbito da evangelização e a missão”.
Para o secretário-geral da Igreja Reformada dos Estados Unidos da América e membro do Comitê de Continuação do Fórum em nome do CMI, reverendo Wesley Granberg-Michaelson, o evento é uma “linha divisória na história cristã moderna”. E acrescentou: “O Espírito Santo de Deus começou a erradicar as desculpas que mantiveram os cristãos distantes entre si e julgando-se uns aos outros”, comentou.
A mensagem final do Fórum afirma o compromisso dos participantes em promover “uma compreensão e cooperação ainda maior entre os cristãos”. Isso poderá ser realizado construindo “sobre a base de muitas iniciativas ecumênicas, interconfessionais e históricas para superar as divisões na família cristã. Não tratamos de substituir esses esforços”.
Em documento separado sobre “Propostas para o futuro”, os participantes fizeram várias recomendações a respeito das etapas seguintes. O Fórum continuará centrando atenção nas “relações” e “conversas”, enquanto serão “completadas todas as ações conjuntas resultantes através das igrejas e organizações participantes”.
Além disso, o processo continuará baseado na “participação comprometida”, em lugar de converter-se numa “organização membro”. “Será ampliado e aprofundado o âmbito da participação, prestando atenção especial a grupos pouco representados, especialmente as mulheres, a juventude, os povos indígenas e os que padecem de problemas físicos”.
O Comitê de Continuação do Fórum, que eliminará de seu nome a palavra “continuação”, prosseguirá o processo do “tanto em nível regional, nacional e local, como em nível mundial”.
Uma “pequena secretaria” – até agora constituída por uma pessoa que trabalha em tempo parcial – assegurará o seguimento e, para financiá-la, será solicitado aos “órgãos eclesiais participantes que assumam a responsabilidade financeira”. O comitê do fórum se encarregará de “estabelecer uma base financeira mais ampla e sustentável” para o seu trabalho.
Um momento comovente da última sessão foi quando os participantes irromperam numa prolongada ovação em honra ao secretário do Comitê de Continuação do Fórum, Hubert van Beek, em reconhecimento à sua inestimável contribuição para fazer possível o processo. “Teve outras pessoas antes de nós e terá outras que tomarão nosso espaço”, disse Beek ao agradecer a aclamação, “porque nosso objetivo não depende de pessoas individuais, mas está nas mãos de Deus”.
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