Nesse domingo (12), acontecerá no Brasil o 1º Encontro Nacional de Ateus. Cerca de três mil pessoas se reunirão, simultaneamente, em 21 estados e no Distrito Federal. Organizado pela Sociedade Racionalista o encontro tem como objetivo, de acordo com estudante gaúcha Stíphanie da Silva, que os ateus conheçam uns aos outros de forma a organizar suas forças.
Stíphanie, que é membro da entidade que está organizando o encontro, citou ainda uma expressão muito utilizada na luta pelos direitos civis dos homossexuais ao expressar sua visão sobre a importância do evento para os ateus: “Precisamos sair do armário, mostrar que somos bons filhos, pais, que a moralidade independe de uma crença”, afirmou a estudante.
O professor Edin Abumansur, do departamento de ciências da religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), opinou sobre o encontro organizado pelo grupo de ateus afirmando que é paradoxal militantes se reunirem para defender um ceticismo contra fé, religião e deuses. De acordo com a revista IstoÉ ele argumenta que dessa forma o ateísmo se torna uma opção de crença, a da negação, à disposição dos que procuram coisas para acreditar, no caso, que Deus não existe.
Já o professor Pedro Paulo Funari, do departamento de história da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), diz que com essas manifestações públicas os ateus brasileiros estariam seguindo os ensinamentos do britânico Richard Dawkins, espécie de guru dos ateus, autor de “Deus, um Delírio”. Dawkins afirma que os ateus devem se assumir publicamente e tomarem frente de um debate intelectual sobre o tema.
Porém a forma de manifestar a não-crença não é unanimidade entre os ateus. Recentemente Dawkins criticou o filósofo suíço Alain de Botton, autor de “Religião para Ateus”, que anunciou a construção de um templo ateu no centro financeiro de Londres. “Ateus não precisam de templos, é um desperdício de dinheiro”, afirmou. No Brasil a proposta de Botton também foi hostilizada por seus pares. O engenheiro civil Daniel Sottomaior, 40 anos, presidente da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea), se refere ao filósofo como um agente duplo infiltrado no movimento. Apesar de ser presidente de uma associação de Ateus, Sottomaior afirma que os ateus não precisam se organizar: “Por que pessoas que não acreditam em saci-pererê, por exemplo, teriam de se organizar?”, argumenta o engenheiro.
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